Geralmente,
a coavaliação é conhecida como a avaliação reciproca entre elementos do mesmo
grupo que buscam, muitas vezes, os mesmos objectivos no âmbito de actividades
que se propõem desenvolver.
Campanale
(2007) ao referir-se sobre a coavaliação no processo de ensino e
aprendizagem, aponta à sua dimensão a participação do aluno como elemento fundamental
na supervisão das actividades do professor. Esta relação permite a que este
último desenvolva a sua prática pedagógica tendo a necessidade da participação
avaliativa do aluno de sorte a sugerir-lhe alternativas para uma aprendizagem mais
significativa.
Nesta
óptica, a actividade do professor na sala de aula não se resume na transmissão
de conhecimentos colocando o aluno em posição de mero absorvedor. Há, com a
postura construtiva do professor, o exercício de um dos aspectos fundamentais
do ensino, o diálogo, reflectido no favorecimento, sobretudo, da compreensão da
singularidade e necessidade da aprendizagem do aluno.
Françoise
Campanale, sublinha a necessidade da coavaliação nas relações do processo de
ensino e aprendizagem entre alunos e professores no intuito de proporcionar
ambiente de avaliação mútua deixando evidente possibilidades de avaliação da
aprendizagem cooperativa. Ademais, a coavaliação permite que produções dos
alunos ou o conjunto delas sejam tomadas em situações de balanço de
aprendizagem com objectivo formativo, ou seja, tais produções são verificadas por
elementos implicados no processo abrindo possibilidade do avaliado
articular-se a outros elementos da avaliação formativa, por exemplo a autoavaliação.
Castillo
Arredondo e Diago (2009) na linha de pensamento da pesquisadora francesa,
enfatizam a ideia da coavaliação no sentido da importância em constituir-se
elemento de avaliação onde os envolvidos participam
das avaliações de um do outro contrapondo a ideia do único avaliador e
avaliado, embora, não menos frequente, a coavaliação utilizar-se menos na
dimensão em que o aluno avalia a prática pedagógica do professor.
A coavaliação reduzida em prática
avaliativa apenas entre alunos sem envolver o professor como avaliado, esvazia a
profundidade do seu propósito de colocar todos os elementos do processo participantes
activos da avaliação do ensino e da aprendizagem. A posição do professor somente
como avaliador torna unilateral a avaliação, com isso estar-se-á em presença da
heteroavaliação. Essa modalidade de avaliação não parece a mais adequada ao
processo de avaliação que busca favorecer a aprendizagem construtiva.
Assim,
a heteroavaliação retira da prática avaliativa a dimensão estritamente
pedagógica da participação significativa dos actores do processo de ensino e aprendizagem,
pois, como assinala Castillo Arredondo e Diago (2009), ela ocorre em situações
em que “os avaliadores e avaliados não são a mesma pessoa. É realizada dentro
da própria escola, por pessoal próprio e sem a participação de avaliadores
externos (o professor avalia seus alunos, a equipe directiva avalia algum
aspecto da escola etc.)” (p. 66).
A
heteroavaliação identifica-se com a avaliação sumativa como evidência selectiva
e certificativa do rendimento do aluno.
Portanto,
entender a direcção dos elementos de suporte à avaliação formativa é essencial na
busca da compreensão do conjunto das suas funções. Nesta senda, é fundamental
perceber-se e encontrar vias que permitam colocar em evidência a coavaliação
considerando-a indispensável à actividade do professor e do aluno com vista a fortalecer
o processo de ensino e aprendizagem onde o aluno constrói a sua aprendizagem e
o professor também aprende aperfeiçoando a sua prática de ensino.
Referência bibliográfica
CAMPANALE,
Françoise. (2007). Évaluation réflexive en formation professionelle et
évaluation interactive dans la classe. In.: ALLAL, Linda e LOPEZ, Lucie M.
(orgs). Régulations des apprentissas en
situation scolaire et en formation. Bruxelles: De Boeck, pp. 192-206.
CASTILLO
ARREDONDO, Santiago, DIAGO, Jesús. (2009). Avaliação
educacional e promoção escolar.
Trad. Sandra Dolinsky. São Paulo: Ibepex/Unesp.
ALFREDO, Francisco Caloia, 2012
A avaliação, um instrumento de aferição, por vezes muito utópica. Seja como for é sempre válida.
ResponderEliminarGostei do artigo.
Força.
Realmente, a avaliação é uma das categorias pedagógicas subjectivas cuja aplicação no processo de ensino e aprendizagem depende muito do entendimento dos seus protagonistas no processo. Obrigado pelo interesse. Abraço
ResponderEliminarQue instrumentos e métodos sugere que sejam utilizados para tal?
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