ASPECTOS IDENTIFICADOS NA FORMAÇÃO SUPERIOR DE ACORDO COM MODELOS DETERMINANTES DE UNIVERSIDADE (VEIGA e CASTANHO, 2006 p.13)

O Ensino Superior é o estágio máximo da formação inicial. O mesmo está alicerçado muitas vezes em bases que evocam interesses restritos ao Estado ou ao Governo e raras vezes, a interesses estritamente da sociedade em geral. Esta tendência é observável quando o próprio Estado constitui a Universidade num monopólio. As exigências dos tempos tornam a Universidade menos alienada à interesses restritos, tornando-a sim num palco do saber para o bem estar da humanidade.
O rigor da Universidade é medido pela articulação equilibrada do seu papel. A articulação equilibrada a que me refiro circunscreve-se na conquista do conhecimento produzido, organizado, sistemático, renovado, sustentados, compartilhado numa visão não paternalista. Pois, o Ensino Superior tem por objectivo formar profissionais, cientistas e cidadãos do mundo.
Durante a minha formação Superior de cerca de cinco para a obtenção do título de licenciado, muitos aspectos vislumbraram-se reais embora não sendo ideias para uma Instituição de cunho Superior. Com base em exemplo vivenciados, a partir da ausência de condições dignas para o academismo, aulas expositivas, docentes inclinados ao ensino fazendo copiar conteúdos de outros académicos de países com cultura de investigação científica mais avançada, relevância mais ao ensino do que pesquisa e a extensão, a ausência de práticas laboratoriais, e ausência bastante evidenciada de produções e publicações de trabalhos científicos pela Universidade.
A Universidade neste caso, aprece-se como local de transmissão de conhecimentos acumulados. Ora, a luz dos modelos determinantes de Universidade conclui-se que, se está perante ao Modelo Elitista Inglês. É óbvio que este modelo não é visto pela Instituição como o ideal, mas é o real.
Por Francisco Caloia

ÉTICA E EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Epícleto já dizia: Invencível é aquele a quem nada que esteja fora do seu fim moral pode espantar. Na Universidade tive um colega que ficou rico em pouco tempo com suas máquinas clandestinas de caça níqueis. Um belo dia conversando sobre moral e ele admirado por eu servir a Igreja desde minha juventude e ainda hoje, 26 anos depois não possuir nenhum bem móvel ou imóvel admirou-se; no que respondi: hoje, não é mais difícil ganhar dinheiro o difícil é ser e manter-se honesto. Na etimologia da palavra hipócrita no grego encontramos a palavra ator; portanto ser ético significa não ser ator na vida real. Homero [858,AC],em sua célebre epopéia Odisséia, usa pela primeira vez o termo grego prósopon máscara para dar significado a personagem vivida pelo ator. Portanto ser ético, pode significar também não fazer uso de máscaras nas relações humanas em meio a sociedade em que se vive. Ética é a ciência que estuda o comportamento humano em meio a sociedade. Para Davis Swing, "ética é a ciência do dever humano". Daniel O Connell disse que "nada pode ser politicamente correto quando é moralmente errado". Para Abraão Lincoln, "Nada pode ser considerado politicamente certo quando é moralmente indefensável". Finalmente Winston Churchill: "O estandarte da ética Cristã é ainda o nosso mais importante guia". Pois bem, parece que na afirmação dos pensadores podemos perceber que ética e moral andam juntas - ética e imoralidade não coadunam. Neste caso ser ético no sentido introspectivo pessoal seria não agir contra sua própria consciência - ser ético em sociedade seria não fazer aos outros o que não quer que façam a si mesmo - ser ético para subir na carreira profissional seria não usar os outros como escada pois conforme Alfred Capus, "Não basta dizer que um homem chegou ao Topo. É preciso saber em que estado", e como chegou. (grifo). No sentido cristão no que diz respeito as relações humanas ninguém melhor definiu a ética do que Cristo quando disse: Mateus. 23. 1-6 "Então, falou Jesus à multidão e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés (representantes da torá - lei judaica), estão assentados os escribas e fariseus (representantes do judaísmo religião oficial da nação na época). Observai, pois e praticai tudo o que vos disserem: mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam. Selá(pausa), pensemos nos políticos da atualidade, senado... e em muitos lideres religiosos pregando que Jesus andou a pé, de barco e de jumentinho enquanto andam de limusine, aviões particulares as custas da contribuição dos fiéis... pregam que Jesus não tinha onde morar enquanto moram em verdadeiros palácios a custa do dinheiro dos fiéis. Jesus foi enfático ao dizer: "observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem: MAS NÃO PROCEDAIS EM CONFORMIDADE COM AS SUAS OBRAS, PORQUE DIZEM E NÃO PRATICAM (ser ético portanto; e primeiro praticar e depois ensinar;é antes de dar ordens a outrem primeiro dar o exemplo). Continuando Jesus disse: v. 4 "Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens, eles, porém, nem com o dedo querem movê-los (são professores que cobram dos alunos o que não tem nem fazem porque não sabem), E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens (políticos demagogos, pois ser ético significa o que a tua mão direita fazer a esquerda não precisa saber), pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes. E amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudações nas praças, o serem chamados pelos homens de: - Mestre, Mestre. Encontrei muitos na minha vida que recebiam muitos encômios dos colegas nos corredores das instituições de ensino mas na sala de aula... eu me perguntava: e a ética com a instituição, com os alunos, com a carreira profissional daqueles que estão em suas mãos? Será que ética não seria compromisso sério com a função que exerce? Será que ética não é responsabilidade com os bens jurídicos de meu próximo sendo o maior deles a formação para a vida? Gostaria sinceramente de convidar meus nobres colegas dessa pós graduação a refletirem sobre os discursos éticos de Rui Barbosa: "o justo e a justiça e oração aos moços." Relembrando alguns péssimos professores que tive que nada me ensinaram e se aprendi foi por conta própria fico pensando: As instituições acabem sendo as maiores responsáveis por manter em seu quadro profissionais desqualificados.
Concernente a caracterização de uma Educação de Qualidade além da competência dos professores que é imprescindível, o espaço físico adequado, tempo disponível, condições financeira, incentivo a leitura e a escrita, incentivo a pesquisa, ambiente saudável no lar a través do ajuste emocional nas relações daqueles que são os guias dos que estão sendo educado(pois a educação do indivíduo não é apenas para o lar, para o contexto e convívio da família como muitos a restringe e sim para o mundo, para a sociedade, para a vida e por falar em mundo, pensemos num mundo globalizado e pós-moderno). Outro fator importante são os ajustes emocionais através da valorização de cada ser com suas diferenças, especialidades, dificuldades, que so podem ser desenvolvidas através da aceitação, do respeito mútuo da promoção da unidade em meio a diversidade, do falar, do exigir, do cobrar por parte do Mestre, não omitindo o ouvir, o entender, o ajudar, o encorajar, o elogiar quando na verdade deveria censurar; o acreditar e investir quando na verdade deveria esquecer e desistir, enfim: O papel do Mestre é dar sua vida pelo aluno em sala de aula, dialogar, ouvir como já disse, ter prazer no que faz pois mais do que um título, uma cadeira em uma universidade, em uma sala de aula da mais nobre ou mais humilde que seja, ou um pequeno salário ou as vezes nenhum, a missão do Mestre é formar formadores de idéias que com certeza serão seus reflexos em meio a sociedade no amanha pois estão seguindo seus passos. A minha ética e o resultado da ética de alguém e a ética de outros que me seguem será o resultado da minha própria ética e dessa forma já sabemos quem somos e saberemos de antemão quem seremos no resultado que em outros produzimos. Quando Elvis Presley conseguiu fugir de seus seguranças e andar pela cidade sozinho, encontrou um grupo de jovens hippies se drogando, sem nenhum compromisso com a família, estudo, trabalho, sociedade e a própria vida, no que Elvis perguntou-lhes: porque vocês vivem dessa maneira? no que os jovens respondeu: nos somos seus discípulos, aprendemos com você e com suas musicas; você é o nosso ídolo e estamos seguindo os seus passos. Decepcionado com o que sua música e seu estilo de vida havia feito com a sua geração procurou o Presidente Richard Nixon para iniciar um programa de recuperação daquela geração drogada porém foi tarde demais, por ter sido vitimado pelas drogas. Uma vez meu filho hoje com 17 anos de idade, na época uma criança com apenas dois anos, trouxe-me do jardim da infância no dia dos pais a impressão digital de seu pezinho feita pela professora que nunca conheci, empresa em uma cartolina azul com a seguinte frase que jamais vou esquecer: "Pai, veja por onde o Senhor anda, pois estou seguindo os seus passos". Na semana passada quando em sua formatura recebeu o diploma de professor de música instrumental numa academia de música onde ele já atua dois anos como professor, pois estuda musica desde os cinco anos de idade, ao fazer o seu discurso disse: tenho orgulho de meu pai que soube enxergar os meus talentos e fazer de mim o que hoje sou e concluiu: se não fosse Deus e meu pai eu hoje não estaria aqui. Portanto Nobre Professora e colegas acadêmicos, mesmo tendo sido criado sem pai e sem mãe, sem um lar, minha ética de vida consiste em ensinar em primeiro lugar com meu exemplo e em segundo lugar com meu conhecimento - creio que ética e conhecimento também andam juntos.
Abraços a todos e nunca esqueçam do refrão da música: então me ensina a escrever, eu tenho a minha mão domável, eu sinto sede do saber... Lembram da música? Pois bem, ser mestre é ensinar a outros para a vida e sempre vai haver alguém espera aprender corretamente comigo e com você!
Por João Augusto Viana Neto

PAPEL SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES SUPERIORES FACE AO COMBATE A VIOLENCIA E A EXCLUSÃO SOCIAL EM Morin(2003)

As potencialidades técnicas, académicas e científicas com que se deve guiar um académico para poder intervir na sociedade com qualidade e como um cidadão sempre preocupado com a procura do bem humano devem assentar no tipo de sociedade que se pretende construir.
A educação hoje, nas suas mais variadas acepções apresenta-se como um desafio às competências e habilidades. Daí que, os conhecimentos sobre os quais nos apropriamos podem ser negados ou actualizados em função da dinâmica dos acontecimentos e das necessidades que se impõem. A educação superior deve outrossim, ensinar não apenas a acumular o conhecimento pela prática da leitura, pelo diálogo dos actores do processo ou pela pesquisa, como também esforçar-se em revolucionar o reportório ostentado.
O exercício de se sobrepor a um novo ser e estar em função de um contributo profícuo ao exercício da cidadania pressupõe determinação e coragem. Esta visão deve ser orientada com vista a essa competência. Ademais, a actividade científica para a sua proficiência deve ser educativa.

Quando se afere a problematização e os novos rumos a dar ao desenvolvimento no âmbito científico e tecnológico percebe-se que se abre a necessidade da não dissociação do científico ao tecnológico ou seja os aspectos tecnológicos mostram-se ao serviço da dimensão científica sem no entanto parecer haver uma alienação desta última a primeira. Aliás, o questionamento dos estudos científicos tem proporcionado a percepção da natureza e do valor da própria tecnologia.
Conferir uma relação dialéctica do passado, presente e do futuro na educação, atribuí alguma estabilidade ao pensamento e as acções a tomar fruto aos questionamentos e as situações testemunhados, lançando desta feita, a garantia em cada momento do tempo os acontecimentos numa linha encadeada e proporcionar uma prática dialogante permanente.
A maneira de pensar a educação deve se coadunar com as necessidades dos tempos, e isso pressupõe estar-se em altura das mudanças. As instituições de ensino superior devem jogar uma função enorme na preparação das pessoas criando uma política de intervenção aberta.
É evidente que a actividade da universidade considera-se completa quando repousa na tríplice Ensino, Pesquisa e Extensão. A articulação destas actividades proporciona à universidade o seu verdadeiro papel para a sociedade.

Na questão em foco, destaca-se o lado social da universidade, a extensão, e é sabido que esta actividade torna-se valiosa na medida em que se vai buscar à sociedade as preocupações que lhe são inerentes. E uma vez estudadas dispõem-se a retransmissão com o propósito de conferirem soluções às diversas preocupações.
Também é tarefa da universidade ou de instituições de ensino superior no âmbito das suas actividades extensionistas estabelecer cooperação com organizações de vária índole, sobretudo, aquelas vocacionadas a acções sociais, oferecendo pesquisas de viabilização para educar, sensibilizar as populações para a tolerância zero a todo tipo de violência. Esta é uma actividade delicada que requer um conjunto de acções redobradas.
Quanto ao papel das instituições superiores face a exclusão social, refira-se que o surgimento de várias instituições superiores tem facilitado em parte o acesso a este nível de escolaridade, porquanto, as opções se mostram diversificadas. Essa democratização do ensino superior apresenta-se em certa medida como garante a não exclusão.
A ponderação do fenómeno de exclusão social não reside apenas nas opções que podem ter, mas também, na qualidade que as instituições superiores vão apresentando, e nesse particular a responsabilidade recai inicialmente no tipo de professor a credibilizar a instituição e a seguir no conjunto de condições que possam assegurar um desempenho consequente a instituição.
Por Francisco Caloia

RELAÇÃO ENTRE O CAPITAL HUMANO E A NECESSIDADE DE MELHOR FORMAR O CORPO DOCENTE UNIVERSITÁRIO

Importa, no presente texto de análise, destacar dois eixos que se mostram basilares nesta abordagem: capital humano e formação do corpo docente do ensino superior.
Começo com a citação de RAMOS (2003) segundo a qual o capital humano é entendido como “ o conhecimento que cada indivíduo adquire e que depende do seu investimento pessoal em educação/formação”.
Esta abordagem sobre o capital humano repousa sobre a teoria com o mesmo nome, e ainda na senda de Ramos, a teoria do capital humano assenta em hipóteses fundamentais da teoria neoclássica de racionalidade individual sancionada pelo mercado e agregada socialmente.
Na teoria do capital humano (Ramos 1990, 2003) a ênfase recai na formação, isto é, todo e qualquer investimento que se queira fazer em qualquer domínio deve começar pelo homem ou seja pelos recursos humanos, neste pacote relativo a formação há que se ter em conta a educação escolar e os programas de formação como elementos constituintes do capital pedagógico. Sendo que, a teoria neoclássica baseia as teorias sobre o mercado de trabalho em certos pressupostos como a homogeneidade e a transparência.
Os desdobramentos com que a teoria do capital humano se ilustra no quadro da formação, estabelece a qualidade e a profundidade da formação atribuindo-lhe o crescimento intelectual, sóciopsicológico dependente em certa medida das aspirações de cada seja no meio escolar propriamente dito seja fora dela.
Formar um docente para o ensino superior pressupõe dota-lo de ferramentas oportunas para fazer face aos desafios escolares assim como sociais. Por isso, é deveras importante que a actuação do professor deve estar revestida de precaução no sentido de despir-se da velha ideia de que o professor está na sala ou na escola para ensinar e os alunos estão ali para aprender.
Apegar-se ao ensino tradicionalista seria extinguir a profissão docente, pois, facilmente os meios tecnológicos disso se podem encarregar (recorrendo a internet, aos jornais). Ora, a profissão docente não se pode apresentar na verticalidade, sobretudo no ensino superior, ela é mais exigente e aberta que para além da sua transversalidade, deve também estabelecer-se na horizontal.
Deste modo, a necessidade da formação do docente do ensino superior também recai na possessão e no desenvolvimento de competências e habilidades que o permitam adequar as suas práticas aos saberes teóricos e práticos.
Os saberes teóricos e práticos podem ser compreendidos, segundo ALTET (2001), da seguinte forma:Saberes teóricos: 1- Saberes a serem ensinados (disciplinares, transpostos didacticamente); 2- Saberes por ensinar (incluindo pedagógicos sobre a gestão interactiva em sala e aula, didácticos nas diferentes disciplinas e os da cultura que os está transmitindo).
Saberes práticos: 1- Saberes sobre a prática (saberes procedimentais sobre como ensinar ou formalizados); 2-Saberes da prática (oriundos da experiencia, produzidos da experiencia que teve êxito).
Nesta conformidade, o docente do ensino superior deve abalizar-se e procurar lidar com todos os procedimentos conducentes a aprendizagem evocados pelas teorias de aprendizagem. Isto quer dizer que, a sua actuação do docente do ensino superior não pode deixar de parte a compreensão das teorias por exemplo do condicionamento e as cognitivas.
Abalizar-se sobre as teorias da aprendizagem possibilita a que o docente intervenha de forma construtiva e participativa na superação das dificuldades do aluno e encontrar estratégias viáveis para melhor orientar a progressão do aluno como também aperfeiçoar e enriquecer a sua actividade quotidiana.
Por Francisco Caloia