Um
debate polêmico está sendo travado nas escolas de nível médio dos Estados
Unidos: deve-se ou não bloquear o acesso de alunos a determinados sites?
A
dúvida vai além da permissão de acesso a blogs pessoais e a redes sociais, dois
eternos vilões acusados de desviar a atenção dos estudantes. Muitos professores
acreditam que a simples natureza opressiva da proibição traz um prejuízo maior
que seus supostos benefícios.
A
discussão foi provocada por conta do primeiro Dia de Conscientização dos Sites
Proibidos, organizado pela Associação Americana de Bibliotecárias Escolares na
última quarta-feira, nos moldes da Semana dos Livros Proibidos. Carl Harvey,
presidente da associação, disse que conforme um maior número de escolas adota
as tecnologias de acesso à internet, existe uma preocupação crescente com as
que bloqueiam boa parte do conteúdo da rede. Filtros. As opções são amplas,
como mostra o debate realizado em escolas de vários pontos do país. Os alunos
da escola de ensino médio Silver Creek, de Longmont, Estado de Colorado, por
exemplo, usaram folhas brancas de papel penduradas na biblioteca, nas quais
listaram os prós e os contras da censura do acesso à rede.
A
escola do ensino médio New Trier, nos subúrbios de Chicago, realizou uma
pesquisa com os alunos a respeito do bloqueio a determinados sites depois de
relaxar seus próprios filtros eletrônicos neste ano. E, em Nova York, alunos e
professores da Escola 127, de ensino fundamental, localizada no Bronx, enviaram
mais de 60 e-mails à Secretaria de Educação para protestar contra a proibição
de acesso tanto a blogs de alunos como a redes sociais. Muitos educadores
argumentam que, além de evitar uma distração durante a aula, o bloqueio ao
acesso às mídias sociais é também uma forma de proteger os estudantes do
bullying e dos abusos no ambiente escolar. "Acho que os estudantes
deveriam ter acesso irrestrito à biblioteca", disse William Fitzhugh,
editor da Concord Review, que publica trabalhos de história escritos por
alunos doensino médio. Segundo ele, "muitas crianças já passam tempo
demais acessando a internet".
Censura.
Phil Goerner, bibliotecário da escola Silver Creek, disse que o foco nos sites
proibidos encoraja os alunos a se debater com o tema mais espinhoso da censura.
Ele pediu aos alunos que pensassem se a escola deveria proibir o acesso a sites
que promovam ideias neonazistas ou racistas. "Isso faz com que eles pensem
de uma maneira mais profunda, diferentemente do que seria se eles simplesmente
dissessem 'não' às proibições", afirmou ele. Goerner disse que decidiu
organizar o debate como lembrete aos alunos de que a censura tira a voz de uma
pessoa ou, nesse caso, seu privilégio de acesso à rede. Dois anos atrás, a
escola Silver Creek suspendeu a proibição de acesso a muitas redes sociais,
como o Facebook e o Twitter, depois de concluir que estes poderiam oferecer
oportunidades de aprendizado.
Fonte:
O Estado de São Paulo, 02/10/2011 - São Paulo SP
WINNIE HU, THE
NEW YORK TIMES
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