BANALIZANDO O PROFESSOR:QUE SOCIEDADE A CONSTRUIR?

É indiscutível que o professor é fundamental para o progresso de qualquer sociedade. Sobre a sua responsabilidade formam-se vários profissionais, e, por este facto à profissão de professor é apelidada por muitos, como a profissão das profissões.
O facto da profissão de professor ganhar o estatuto de profissão das profissões, não lhe basta o reconhecimento da sua dimensão. É preciso olhar para o professor com olhos de quem quer ver um país melhor, e isto, significa mais de um mero reconhecimento falacioso.
Num país como Angola em que tudo parece estar a emergir, a necessidade de quadros em todas as esferas da vida social se mostra visível, mas, a maneira como são tratados os profissionais leva ao questionamento do valor social de que lhes é requerido. Neste particular ressalta-se a banalização que se assiste do professor.
O orgulho de se ser professor neste país está desmoronar-se e a sufocar o sonho de muitas crianças e jovens, pois, o dia-a-dia deste profissional tem se encarregado a mostrar que, o professor de hoje para além de estar submetido à condições de trabalho atentatórias a sua saúde e a formação dos petizes, este é castigado por sucessivos atrasos no pagamento de seus ordenados, e desmerecedor do ressarcimento do tempo de demora.
Em condições normais o professor devia viver do professorado para ser mais prestativo, de tal sorte que consiga ser efectivamente, professor autor, pesquisador, professor com alma e coração na escola. Porém, a realidade do professor em geral, lhe é adversa a esta vontade. Não por ausência de vontade deste, mas porque é empurrado a procurar outras alternativas de sobrevivência.
Parece ser inconcebível quando nos é dado a ouvir, a ver e a ler pela mídia de que o crescimento económico de Angola antes e depois da crise mundial continua a crescer o que aparente um bem-estar socioeconómico do funcionário do estado. Alias, muitos de nós somos testemunhas dos discursos segundo os quais Angola é uma dos países que mais cresce economicamente no mundo e no continente. Porém, a sua população continua pobre, denunciando uma precariedade socioeconómica injustificável. E neste rol, o professor não tem escapatória continua a ser desdenhado.
Não se pode olvidar que a qualidade de ensino também depende da maneira como o professor é acariciado. E banalizar o professor pressupõe construir e reconstruir uma sociedade dúbia.

É deselegante nos dias de hoje, professores serem forçados a optar por recursos (assistidos pela Lei constitucional) de pressão e descontentamento porque o governo não honra com seus compromissos remuneratórios e nem se quer vem a público prestar declarações.
Situações como estas vivem-se na província da Huíla onde os professores a dois de meses não recebem seus ordenados e a mais de dois anos não recebem subsídios de chefia, de deslocamento, de atavio e muitos destes trabalham descontentes porque não são enquadrados em categorias merecidas. Este cenário despoletou uma marcha de protesto que serviu de antecâmara à uma grave.
Há uma frase em Angola que se tornou numa máxima “ O governo finge que paga os trabalhadores, estes também fingem que trabalham”.
Desmerecendo o professor é possível falar-se numa educação de qualidade, numa reforma educativa exequível?







© ALFREDO, Francisco Caloia, 2010 Docente na EFPL e EPL






3 comentários:

  1. Olá meu amado Caloia


    Que Deus lhe abençoe e lhe capacite mais e mais para que mais reflexões tenhamos. Por filhos deles não se encontrar nas escolas do ensino geral não se importam com o pagamento dos docentes, nem tão pouco respeitam a constituição deles que em todo lugar de Angola dizem "temos nova constituição". Questões como salários em atraso, elevada taxa de mortalidade infantil e mais, não seriam mencionados na terceira República. Também, em menos de um ano dois técnicos da seleção nacional de footebal tinham que dimitir-se. Será que são os técnicos que estão errados ou nós que temos mau hábito? Onde está a aplicação da "tolerância zero"?

    Cordialmente

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  2. Bem haja prof. Caloia. É lamentavel que este país vive des impressão a comunidade internacional, quando a população vive social e economicaamente mal, inclusive os professores. Agora, é preciso que os professores deixem de ser medrosos e continuem a lutar pelos seus direitos egarantias.

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  3. Os professores precisam continuar a ser ousados, já que a impressa angolana em nada a juda para transparecer os problemas que a educação concretamente os professores vivem. Há muita injustiça contra o professor, principalmente na provincia da Huíla.

    David

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