IMPLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA APRENDIZAGEM

A avaliação formativa é o meio pelo qual o professor obtém como redistribui informações captadas sobre o acompanhamento das aprendizagens dos alunos. Este tipo de avaliação favorece o desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos quando bem internalizada. E é por este facto que “ todas as actividades avaliativas concorrem para o desenvolvimento intelectual, social, moral dos alunos, e visam diagnosticar como a escola e o professor estão contribuindo para isso” (LIBÂNEO, 1990,p.201).
Desta feita, é importante não perder de vista que, o aluno constitui-se no centro das acções pedagógicas e todas as vezes que ele é acompanhado sistematicamente também é redireccionada a sua marcha e o professor também procura certificar-se da sua prestação na sala de aula com vista a aferir resultados que proporcionem um aprendizado eficiente.
Desta feita, importa que o professor olhe para o aluno como uma unidade, um todo e não apenas como um ser que precisa ser trabalhado, precisa trabalhar ou de ser valorizado na dimensão intelectual,mas que a sua valorização compreenda também outros aspectos que o potencializam como cidadão socialmente útil. E ali também repousa uma das vantagens da avaliação formativa.
Nesta perspectiva, Broadfoot diz que:
Sua fácil aceitação, sua preocupação pela totalidade da pessoa e seu uso flexível (…) permite, na prática, um maior grau de intromissão na vida dos alunos. À medida que determinados aspectos de sua vida não sejam congruentes com valores da escola (seus interesses, seu ambiente familiar, seus valores) será mais do que possível que sejam objecto de avaliações negativas; avaliações que, por outro lado, sendo poucas vezes explicitas, se é que o são têm profundas influencias nas expectativas dos professores (…) (1986, p.67 apud SACRISTÁN & GÓMEZ, 1998, p.344)
A avaliação formativa pressupõe ao professor reunir um conjunto de competências e habilidades de sorte a guiar os alunos e por isso mesmo, a sua formação pedagógica deve ser permanente e adequada à exigências que se colocam.
Uma avaliação formativa bem compreendida, ou seja compreender a sua finalidade, as suas características concorre para vantagens consideráveis no processo de ensino/aprendizagem. É óbvio que a essência do exercício da prática da avaliação formativa nalgumas escolas, do ponto de vista realístico, ainda observa algumas rejeições. Talvez, pelo facto de ser uma actividade ainda nova e que está a ser internalizada com alguma timidez, ou talvez pelo facto das directrizes da escola apontarem mais para uma avaliação classificatória ou ainda porque o professor carece de mais prática (formação docente) para compreender melhor o processo avaliativo formativo. Também se pode conjecturar que muitas professores ainda não estão em condições de conviver com a prática da avaliação formativa atendendo as características das salas de aula. Isto é, salas abarrotadas de alunos e uma elevada carga horária do professor.
As implicações a identificar ou identificáveis, fundamentalmente no aluno, advêm de um processo programado de ensino integrado pela avaliação mediadora das actividades educativas. Ressalta-se o facto de que, as implicações adentradas pelo ensino cobram do professor um empenhamento sustentável pelos objectivos propostos do próprio ensino.
Os objectivos estabelecidos e que eventualmente venham proporcionar implicações nas perspectivas estabelecidas poderão representar comportamentos nos alunos.
Assim, compreende-se que as implicações psico-social, cognitiva, comportamental, afectiva resultam da conjugação dos objectivos gerais e específicos focalizados em acto preciso do processo de ensino/aprendizagem. Isto é, os objectivos gerais estão voltados aos desígnios mais alargados da escola e do ensino com base na realidade social considerando o desenvolvimento multidimensional do aluno (LIBÂNEO, 1990, p.121).
Sendo que os objectivos gerais no âmbito educacional focalizam a amplitude do apelar da escolar e do ensino, os objectivos específicos estarão incorporados em cada disciplina curricular. E segundo o autor acima referenciado, “os objectivos específicos de ensino determinam exigências e resultados esperados da actividade dos alunos, referentes aos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja aquisição e o desenvolvimento ocorrem no processo de transmissão e assimilação activa dos materiais de estudos” (p.122).
Sendo a avaliação formativa uma prática do dia-a-dia na prática de ensino e por colocar o aluno no centro das atenções, esta modalidade de avaliação tem repercussões em várias dimensões, por exemplo, na psico-social, cognitiva, comportamental, afectivo da vida dos actores do processo pedagógico.
É sobre estas implicações incidentes no aluno que se pretende compreender e reflectir no âmbito do processo de ensino/aprendizagem.

Implicação psico-social
Não é característico a avaliação formativa, quando bem interpretada, trazer implicações negativas do ponto de vista psicológico quanto social. A magnitude deste tipo de avaliação está interessada na maximização da aprendizagem do aluno porque ela não se confunde com a atribuição de notas, muito menos com o carácter excludente.
Mas, também admite-se que o ambiente do processo avaliativo na sala de aula pode tornar-se turvo e baixar os níveis de motivação no seio dos alunos, mormente quando o professor permite ou contribui consciente ou inconscientemente para que haja na sala de aula um clima de competição ou descriminação face ao desempenho dos próprios alunos.
Quando os alunos recebem o devido acompanhamento pelos respectivos professores no âmbito da avaliação formativa percebe-se haver uma perfomace nas suas actividades. Porém, a repercussão social não é visível logo na primeira instância ou nem sempre é visível como tal, tudo porque a sociedade está habituada a considerar o bom aluno aquele que exibe um documento burocrático com notas brilhantes ou adequadas as necessidades exigíveis.
A grande valorização das notas não é apenas uma situação da sociedade, mas da escola. Alias, percebe-se que a questão começa mesmo na escola. E sabe-se que pela tão valorização da nota no seio escolar, muitas vezes cria-se “traumas, medos, e até sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva, diarreias, (…)” (PILETTI, 2006, p.169). Bem, do ponto de vista psicológico este cenário causa desequilíbrio aos alunos. E como é defendido por muitos académicos, inclusive o autor ora citado, a importância das notas já que não pode ser abolida mas que fosse reduzida ao mínimo indispensável de maneiras a descartar-se a carga negativa na vida dos alunos social e psicologicamente.

Implicação cognitiva
As actividades avaliativas no cômpito geral concorrem para o desenvolvimento do aluno e assinalando este particular, implicação cognitiva, refira-se que ela é conduzida de acordo aos preceitos permeáveis ao desenvolvimento das capacidades intelectuais, como por exemplo as tarefas didácticas: verificação, qualificação e apreciação qualitativa, como as funções tornando os alunos fortalecidos no seu desempenho intelectual.
Os professores devem estar muitos atentos para proporcionarem aos seus alunos um impacto positivo neste domínio. De acordo Libâneo (1990, p. 200) “ os professores muitas vezes têm dificuldades em avaliar resultados mais importantes do processo de ensino, como a compreensão, a originalidade, a capacidade de resolver problemas, a capacidade de fazer relações entre factos e ideias (…)”. A ser assim, fica de longe desenvolver capacidades intelectuais nos alunos. O professor não pode duvidar das suas competências, nem do que pode proporcionar para o engrandecimento do processo avaliativo.
O impacto cognitivo envolve apossar-se e desenvolver conhecimentos como habilidades intelectuais. E ressalta-se que, as escolas normalmente colocam ênfase ao aspecto cognitivo sobretudo quando se trata de exames de selecção ou classificação (DÌAZ BORDENAVE & PEREIRA, 2008, p. 270).
Denota-se obviamente, o significado a ser destacado na implicação cognitiva no processo avaliativo. E mais uma vez, o professor é instigado a um empenhamento pessoal e a desafiar os alunos na motivação com vista a mobilizarem vontades no desenvolvimento e aquisição de competências e habilidades intelectuais desejáveis.

Implicação comportamental
A implicação comportamental da avaliação formativa no seio dos alunos tem a ver com o facto desta despoletar maior ou menor motivação na aprendizagem nos alunos, mediante ao papel desempenhado fundamentalmente pelo professor. E nesta senda, recupera-se as palavras de Libâneo, segundo as quais, “ por mais que o professor se empenhe na motivação interna dos alunos, nem sempre conseguirá deles o desejo espontâneo para o estudo. Os alunos precisam de estimulação externa, precisam de sentir-se desafiados(…) (1990,p.200). Este desafio não é simplesmente tarefa do professor, como também de outros promotores do processo de ensino/aprendizagem.

Implicação afectiva
A implicação afectiva no processo de avaliação encerra várias dimensões do comportamento dos alunos e professores como no respeito entre colegas, entre alunos e professores e vice-versa, como também no desenvolvimento de um espírito altruísta.
Tendo em conta as considerações de Bordenave e Pereira (2008, p. 270), comummente a implicação ou impacto afectivo proporciona o desenvolvimento e valorização de atitudes, ideias, interesses, valores. Ademais, os objectivos vincados na área afectiva dos alunos desencadeiam nos alunos acções atinentes ao gosto pela leitura, interesse pela pesquisa, interesse na intervenção dos problemas envolventes ou sociais.
Ainda, pelo que se pode aferir do autor acima referenciado “ as diferentes categorias de comportamento em cada área dão ao professor as coordenadas para a afixação dos objectivos de sua acção docente. Ao construir um instrumento de medida dos objectivos fixados, o professor seleccionará estes objectivos com precisão e eficiência.”
A avaliação formativa possibilita ao professor passear a sua competência, habilidade e criatividade na sala de aula no sentido de proporciona-los um ensino de qualidade na formação global e assente num processo de ensino/aprendizagem devidamente planejado com objectivos claramente definidos.

Referência bibliográfica
DÍAZ BORDENAVE, Juan. PEREIRA, Adair. (2008). Estratégias de Ensino-aprendizagem.29ªed. Vozes. Petrópolis, RJ.
LIBÂNEO, José Carlos.(1990). Didática. Cortez. São Paulo.
PILETTI, Nelson. (2006). Psicologia Educacional. 17ªed. Ática. São Paulo.
SÁCRISTÁN, J. Gimeno. GÓMEZ. A.I.Pérez. (1998). Compreender e Transformar o Ensino. 4ªed. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Artimed. Porto Alegre.

Por Fr. Caloia ALFREDO

7 comentários:

  1. Caros Docentes,
    o material aqui publicado é de grande relevancia para o ensino, e as colocações aqui feitas se enquadram dentro das necessidades do aprendizado do século XXI.
    Parabens prof. Caloia
    From; Natalio Vicente

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  2. Caro Caloia, muito bem colocado este seu artigo, pena que não o tinha lido antes, pois certamente o teria citado em minha monografia!!

    Abraços, Raquel Almeida

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  3. Caros Natálio e Raquel, os vossos comentários demonstram o quanto são parte integrante da construtção e idealização do saberes.

    Raquel, embora estando outro lado do atlantico há está rede que nos mantém juntos. Espero que tenha êxitos na sua mografia ali no Brasil. Sucesso.

    Um abraço fraterno a vocês!

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  4. Gostei imenso do blog .QUERO SER VOSSO DISCÍPLO MESTRE....
    EVARISTO JOSÉ DAS MANGAS

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  5. OUVI DE I. NEWTON QUE: SOMENTE NOS OMBROS DE HOMENS GIGANTES AMPLIAMOS OS NOSSOS HORIZONTES.

    PERMITA-ME OLHAR MAIS LONGE...

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  6. Caro Evaristo, és bem vindo a esta rede que também depende se ti para crescer.
    Este espaço foi criado precisamente para establercermos uma corrente académica dinámica e consequente.
    Espero contar com os tuas sugestões, críticas construticas,opiniões e podes colocara a tua foto no espaço seguidor, ok?

    Um abraço e convida outros académicos netes nosso espaço.

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  7. Caro Caloia, Parabéns pelo seu trabalho. Adoraria recebê-lo na integra. Vou mandar-lhe uma versão parcial do meu.
    Recebi seu email e vou informar-me dos procedimentos.
    Deixo meu número de contato pessoal (96 8138-6540) e de minha residência (9632414150).
    Mande-me seus dados pessoais. Não esqueça que estou em Macapá, distante do local da prova a milhas. Veja no mapa e programe o translado se ainda assim, se interessar. Não se atormente com estadias e despesa pessoas em Macapá, será convidado em minha casa, se não te incomoda a simplicidade.
    Se depender de mim você já está aqui.
    sem mais, forte abraço e saude e fé.

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