PACIÊNCIA SEM LIMITE!

Os leitores dos meus textos, normalmente, estão habituados a encontrar neste espaço textos fundamentalmente didácticos. Com a aparição deste, de certa forma, pode surpreender alguns. Todavia, é ponto assente que, há necessidade, sempre que se justificar (até porque a nossa sociedade é fértil em injustiças sociais) fazer uma ginástica do nosso quotidiano social. Aliás, apresentar propostas de soluções, comentários, trazer ao de cima o nosso quotidiano, é dever de todo o cidadão comprometido com a necessidade do bem-estar não apenas singular, mas também comum.

Paciência sem limite surge da necessidade de um olhar sobre a realidade chocante no atendimento prestado pelos nossos hospitais públicos na Huíla. É visível à vista de qualquer um que acorre e não só, ao hospital Dr. António Agostinho Neto, comummente chamado Hospital Central da Huíla, por sinal com dimensão regional, a maneira como a moral é pisoteada quando a questão é a procura do bem físico (saúde).

SURGIMENTO DA UNIVERSIDADE EM ANGOLA

A dimensão histórica da Universidade em Angola assenta na UAN por ser a pioneira no Ensino Superior no país.

O historial sobre o qual se desenrola este texto, não pretende buscar necessariamente a componente da investigação científica nos tempos da génese da UAN, mas trazer à tona as etapas testemunhadas pelo tempo no espaço por que ela trilhou para hoje tomar a dimensão de Universidade.

Sabe-se, de forma geral, que a Universidade surgiu no ocidente na Idade Média, construindo deste modo a sua sapiência que em alguns círculos a tornou admirada, receada por alguns e desacreditada por outros. Sob o jugo cultural e económico da Igreja Católica tirando partido do aperfeiçoamento e do desenvolvimento do saber dos clérigos.

As primeiras escolas dedicadas a formação têm o seu palco embrionário na Europa, a academia dirigida pelo filósofo Platão e a criação do Liceu pelo filósofo Aristóteles na antiga Grécia propiciando uma formação à pessoas adultas (andragogia).

Já na África meridional, a historia testemunhou o surgimento de maior parte das Universidades africanas subsaarianas (sendo a Universidade do Cairo (Egipto) e a Alger (Líbia) surgirndo em 1909, a Universidade do Senegal surgiu em 1918 e a Universidade Victória College (Cape Towan, África do Sul) em 1916) depois das independências dos respectivos países na década de 1960.

Muitas Universidades foram surgindo (DA SILVA, 2004) como possibilidade de resgate da identidade e dignidade do povo africano. Entretanto, as Universidades da África Negra (da qual Angola está inserida), alienaram-se ao sistema da educação colonial com estruturas e com modelos do colonizador visto que os seus objectivos estavam bem definidos: formar filhos dos europeus em África e poucos filhos dos autóctones.

Desta feita, “ as Universidades africanas eram instituições de certo modo estranhas ao resto do sistema educativo local e que tendiam a acentuar as clivagens já existentes na sociedade, ao separar os alunos do seu meio local condicionando-os a um meio de vida estranho […]” (THOMPSON,1977 apud DA SILVA, 2004).

Após a independência da maior parte dos países africanos (países da África Negra), os países procuravam proteger (DA SILAVA, 2004) pelo menos dois símbolos nacionais: a bandeira nacional e a Universidade. Esta importância remeteu a que muitos presidentes de países se constituíssem nos primeiros reitores, por exemplo no Senegal fora o reitor Léopold Senghor, na Guiné Conacry o reitor fora Sekou Touré, no Quénia, Jomo Keniatta, na Tânzania o reitor fora Julius Nyerere, na Zâmbia o reitor fora Kenneth Kaunda, em Angola António Agostinho Neto.

Em Angola, a Universidade tem uma história recente se tivermos que comparar com outros países de África. A Universidade angolana fora iniciada em 1962, na altura Venâncio Augusto Deslandes então Governador Geral de Angola. Diante de seu Conselho Legislativo a 04 de Abril de 1962, Deslandes reconhecera a fraca qualidade técnico-científica dos portugueses em Angola, pelo que no ano seguinte se propunha o início do ensino superior em Centros de Estudos universitários, como na cidade de Nova Lisboa (actual cidade do Huambo) e na cidade de Sá da Bandeira (actual cidade do Lubango). Depois de tudo preparado para pôr em marcha as pretensões do Governador Geral de Angola, o Governo central de Portugal considerou as pretensões de Angola como um atentado à Constituição do País o que culminou na demissão do Governador de Angola (Venâncio A. Deslandes) e do seu Secretário provincial da Educação.

Quatro meses depois da exoneração do Governador Venâncio Augusto Deslandes e o secretário para Educação, a 21 de Agosto de 1962 foi publicado o Decreto – Lei n.º 44530 nos termos gerais.

Segundo Manuel (1997) na altura “o Governo entendia ter chegado o momento de instituir o Ensino Superior nas províncias de Angola e Moçambique, coroando assim, de um esforço extremamente honroso levado a cabo no domínio da instrução […]”. Deste modo nascem os Estudos Gerais1 integrados na Universidade Portuguesa.

O processo foi evoluindo e dando lugar a vários cursos e os Estudos universitários de Angola passaram posteriormente à Universidade de Luanda e de Moçambique a Universidade Lourenço Marques.

Essas mudanças registaram-se aos 11 de Dezembro de 1968. Assim, em 28 de Setembro 1976, após a proclamação da independência de Angola, a Universidade de Luanda foi transformada em Universidade de Angola.

A Universidade de Angola passou a chamar-se Universidade Agostinho Neto, no dia 24 de Janeiro de 1985 em memória ao primeiro presidente de Angola e primeiro Reitor da mesma Universidade.

Em 1997 com a realização das primeiras eleições para Reitor e Decanos das unidades orgânicas marcou a democratização da gestão universitária, desta feita foi eleita Reitora a Profª Doutora Laurinda Hyoogard. E em Janeiro de 2002 foi eleito Reitor da UAN o Professor Doutor Eng. João Sebastião Teta, reeleito para um segundo mandato de 2006 à 2010.

Importa ressaltar o facto de que, no primeiro semestre do ano de 2009, o Governo de Angola criou mais seis Universidades Públicas, quando a então única Universidade Pública do país (UAN) ainda caminha abraços com problemas de infra-estruturas dignas e de pessoal docente qualificado para o ensino superior. O problema infra-estrutural é apenas uma das face constrangedoras da Universidade pública.

Na senda das Universidades públicas, actualmente Angola soma sete Universidades públicas estabelecidas por regiões académicas específicas.

Ora, este virar de página do surgimento de seis Instituições de ensino superior público em Angola, por um lado, provavelmente trará mais trabalho, devolvendo deste modo a qualidade ao ensino superior, o seu lugar na sociedade e o comprometimento sério e palpável dos reitores, decanos, regentes, docentes e discentes em relação a tríplice: ensino, pesquisa e extensão.

Ademais, não percamos de vista que esta reforma do ensino superior público deve fitar no seu contributo concreto às necessidades do país, criando uma competição salutar entre elas (Universidades públicas) e as Universidades privados que muitas vezes, estas últimas, são conotadas de empresas mais mercantilistas do que académicas com os olhos pontos apenas no lucro.

A cultura de participação desapaixonada, da elite académica nacional, nas questões do país, do continente e do mundo em geral, apregoa prestígio merecido as Instituições do país, como também a confiança e competência dos docentes.

Por um lado, diga-se em abono da verdade, que muitos académicos universitários ainda andam calados, parecendo anestesiados e como se estando a espera um dia serem chamados para ministros. Por outro lado, constrange-me imenso quando me apercebo que há tanta gente com títulos académicos aqui em Angola, e quando é necessário discutir ideias sobre esta ou aquela matéria eles não aparecem. Talvez com a existência das sete universidades públicas, vai-se atenuar a cobardia de muita gente com títulos académicos no contributo imprescindível rumo a solução dos problemas nacionais.

Quanto ao redimensionamento do ensino superior público angolano parece-nos que este veio acabar com a democratização da gestão universitária, ao desfazer-se da via eleitoral dos reitores e decanos passando doravante a serem nomeados pelo Presidente da República. Este quadro, dá-nos a ideia de que a Universidade estará aquém da autonomia do poder político nacional. Embora, o Estado seja o proprietário das Universidades, deve ser o Estado a sustentar as instituições públicas, sem no entanto impor as linhas de gestão.

A postura governamental em doravante indicar os reitores das Universidades públicas, tende por um lado, denunciar e a permear à conveniências hegemónica do partido no poder (MPLA) e vetar a possibilidade de académicos nacionais qualificados que não caem na graça do partido no poder serem gestores Universitários, até porque a classe académica e científica ainda está atrelada a classe política. A ser assim, enraíza-se a subordinação das Universidades angolanas às ideologias político-partidárias.

Desta feita, fica de longe vermos na Universidade um espaço de livre manifestação do espírito, o que torna difícil a geração actual e talvez também a futura, compreenderem profundamente, assumirem e empreenderem mudanças necessárias para o desenvolvimento do país.

Entretanto, o Prof. Doutor Paulo de Carvalho (nomeado reitor da Universidade Katyavala Bwila) em entrevista ao jornal O País em 2009 citado pelo site folhadeangola), de entre outras abordagens diz que a democracia no ensino superior tem a ver fundamentalmente com a participação dos diferentes actores na gestão académica das instituições […] ou será que, por não haver eleição dos gestores nas instituições estatais de ensino superior americanas e francesas (por exemplo), não haverá democracia nessas instituições?

Concordamos que a democracia no ensino superior deve assentar-se numa participação colectiva. Porém, o académico não descarta ao todo a nossa apreciação. Será que a realidade de Angola é sensível a este propósito a que se refere P. de Carvalho? De um lado, nos parece que a responsabilidade da gestão académica não estará completamente sobre os auspícios da participação activa dos diferentes actores das instituições, mas aos interesses de quem governa o país onde os ideais político-partidário parecerem sobreporem-se aos ideais académicos, pois, na maior parte dos gestores tenderão salvaguardar a confiança que lhes foi atribuída para estarem bem com o poder. De outro lado, a idoneidade da democracia das instituições estatais americanas e francesas e dos próprios países, estão de longe da democracia angolana. Não será que também, com está decisão de não mais eleger os reitores, decanos poderá de certa medida vir galardoar apenas os professores do comité de especialidade do MPLA do ensino superior?

Outrossim, é importante que os reitores não caiam na tentação de transformarem-se em apenas gestores dos orçamentos das Universidades e do património, que também explorem ao máximo as potencialidades das regiões onde estão destacadas.

Também, nos que o grande calcanhar Aquiles nas Universidades angolanas e da Universidade Agostinho Neto (UAN) em particular é a ausência da produção científica pela mão própria. E com o redimensionamento da UAN, com o surgimento de mais seis Universidades públicas, estas cumprirão verdadeiramente o seu papel se primeiro, não se olhar o professor como alguém contratado apenas para dar aulas; segundo, os reitores devem manter vivo o pensamento segundo o qual o desafio essencial seja a capacidade de produzir conhecimento científico e não agarrar-se aos títulos como que por si só garantissem a competência produtiva; terceiro, impõem-se a transformação dos professores em professores pesquisadores constantes para que tenham sempre o que ensinar e possam divulgar as suas pesquisas.

Portanto, isto implica que, os professores sejam acariciados, o que os tornaria em pedra basilar para a qualidade e desenvolvimento das Universidades. Todavia, não se deve negligenciar a propiciação de condições de todas as dimensões para a produção própria e profícua à sociedade. E assim, os professores as Universidades estarão aptos a pleitear com colegas de qualquer Universidade do mundo.
__________________________
1 A designação “Estudos Gerais” deveu-se ao facto de a província de Angola, naquela altura, servir apenas para a formação de quadros na parte geral da formação, cabendo a parte específica à Portugal.
Referência
1-DA SILVA, Eugênio A. Alves. O burocrático e o politico na administração universitária, continuidades e rupturas na gestão dos recursos humanos docentes na Universidade Agostinho Neto (Angola). Braga. Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2004.
2- MANUEL, Carlos Mariano. O Ensino da medicina em Angola. Servicio de Publicaciones de la U. A. H, 1997.
3-http://www.folhadeangola.com/noticia.php?id=1489 (Acesso aos 20 de Agosto de 2009)

By Fr. Caloia ALFREDO
21/05/2010

BREVE CARACTERIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR EM ANGOLA

A caracterização do ensino superior em Angola começa com a presença do colonizador português no país. Isto é, antes da independência de Angola.
O ensino superior pode ser caracterizado sobre vários prismas e de acordo ao modelo determinante de universidade mediante aos interesses do colonizador. O ensino superior em Angola, fora para os filhos de europeus instalados no país, pois os autóctones não disponham nível para frequentar a universidade, assim, a formação superior pertencia a classe dominante.
Ressalta-se também, a caracterização do ensino superior em Angola pelas condições infra-estruturais disponíveis. Desse ponto de vista, de acordo com o que transparece a realidade actual, a Universidade Pública ainda vive da herança desenvolvida pelo sistema colonial. Pelo que ainda existe um handicap infra-estrutural no ensino público de Angola o que também lhe assiste muitos problemas face a crescente demanda à formação superior, o que adia o direito aos docentes, discentes e toda a máquina administrativa às condições dignas para uma actividade de qualidade.
É óbvio que, quando nos referimos aos primórdios da universidade em Angola, falamos simplesmente da Universidade Agostinho Neto, pois as universidades privadas foram emergindo muito depois da independência do colono português. Essas começaram a emergir em finais da década de 90 até aos nossos dias.
Actualmente existem cerca de dezasseis universidade privadas a funcionar em Luanda, e até recentemente muito poucas tiveram sucursais em outras províncias do país. Recentemente o Ministério do Ensino Superior por intermédio da media tem vindo a informar que só estão reconhecidas universidades privadas sedeadas em Luanda (capital do país), o que significa dizer que aquelas universidades filiais as de Luanda são impedidas de continuarem as suas actividades nas outras partes do país.
Não obstante a esta quantidade e esta centralidade em Luanda existem outras com intuito de se instalarem em Angola.
A admissão e o funcionamento de universidades privadas são sujeitados ao crivo do Conselho de Ministro de Angola, em obediência a três etapas circunscritas na:

1ª Avaliação da credibilidade e da idoneidade da entidade promotora;

2ª Análise do processo referente à criação de condições para o início das actividades que tenham em vista a construção, reconstrução, adaptação de instalações e apetrechamento da mesma;

3ª A autorização para a criação da instituição.

Entretanto, muitas universidades, segundo o jornal online «O País» (Agosto, 2009) entidades afectas ao Ministério da Educação de Angola e da Secretaria do Estado para o ensino superior fazem fé que por causa do lucro, nem todas as Universidades emergentes têm cumprido com as condições que regulam a fundação das mesmas. Das inúmeras insuficiências aponta-se a ausência de condições de espaços livres, bibliotecas e laboratórios condignos aos cursos ministrados. Embora com estas limitações, as universidades privadas vão surgindo, o que nos instiga a algumas indagações, por exemplo: que tipo de universidade é que se pretende no país? Que profissional se pretende formar? Quem autoriza as universidades que não dispõem de requisitos para existirem? Há mesmo seriedade com o ensino superior em Angola? Estas são algumas questões sobre as quais convém reflectir pelos académicos e pelo Ministério do Ensino Superior como pela Secretária de Estado para o Ensino Superior.


Por Fr. Caloia ALFREDO
18/05/2010

IMPLICAÇÕES DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NA APRENDIZAGEM

A avaliação formativa é o meio pelo qual o professor obtém como redistribui informações captadas sobre o acompanhamento das aprendizagens dos alunos. Este tipo de avaliação favorece o desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos quando bem internalizada. E é por este facto que “ todas as actividades avaliativas concorrem para o desenvolvimento intelectual, social, moral dos alunos, e visam diagnosticar como a escola e o professor estão contribuindo para isso” (LIBÂNEO, 1990,p.201).
Desta feita, é importante não perder de vista que, o aluno constitui-se no centro das acções pedagógicas e todas as vezes que ele é acompanhado sistematicamente também é redireccionada a sua marcha e o professor também procura certificar-se da sua prestação na sala de aula com vista a aferir resultados que proporcionem um aprendizado eficiente.
Desta feita, importa que o professor olhe para o aluno como uma unidade, um todo e não apenas como um ser que precisa ser trabalhado, precisa trabalhar ou de ser valorizado na dimensão intelectual,mas que a sua valorização compreenda também outros aspectos que o potencializam como cidadão socialmente útil. E ali também repousa uma das vantagens da avaliação formativa.
Nesta perspectiva, Broadfoot diz que:
Sua fácil aceitação, sua preocupação pela totalidade da pessoa e seu uso flexível (…) permite, na prática, um maior grau de intromissão na vida dos alunos. À medida que determinados aspectos de sua vida não sejam congruentes com valores da escola (seus interesses, seu ambiente familiar, seus valores) será mais do que possível que sejam objecto de avaliações negativas; avaliações que, por outro lado, sendo poucas vezes explicitas, se é que o são têm profundas influencias nas expectativas dos professores (…) (1986, p.67 apud SACRISTÁN & GÓMEZ, 1998, p.344)
A avaliação formativa pressupõe ao professor reunir um conjunto de competências e habilidades de sorte a guiar os alunos e por isso mesmo, a sua formação pedagógica deve ser permanente e adequada à exigências que se colocam.
Uma avaliação formativa bem compreendida, ou seja compreender a sua finalidade, as suas características concorre para vantagens consideráveis no processo de ensino/aprendizagem. É óbvio que a essência do exercício da prática da avaliação formativa nalgumas escolas, do ponto de vista realístico, ainda observa algumas rejeições. Talvez, pelo facto de ser uma actividade ainda nova e que está a ser internalizada com alguma timidez, ou talvez pelo facto das directrizes da escola apontarem mais para uma avaliação classificatória ou ainda porque o professor carece de mais prática (formação docente) para compreender melhor o processo avaliativo formativo. Também se pode conjecturar que muitas professores ainda não estão em condições de conviver com a prática da avaliação formativa atendendo as características das salas de aula. Isto é, salas abarrotadas de alunos e uma elevada carga horária do professor.
As implicações a identificar ou identificáveis, fundamentalmente no aluno, advêm de um processo programado de ensino integrado pela avaliação mediadora das actividades educativas. Ressalta-se o facto de que, as implicações adentradas pelo ensino cobram do professor um empenhamento sustentável pelos objectivos propostos do próprio ensino.
Os objectivos estabelecidos e que eventualmente venham proporcionar implicações nas perspectivas estabelecidas poderão representar comportamentos nos alunos.
Assim, compreende-se que as implicações psico-social, cognitiva, comportamental, afectiva resultam da conjugação dos objectivos gerais e específicos focalizados em acto preciso do processo de ensino/aprendizagem. Isto é, os objectivos gerais estão voltados aos desígnios mais alargados da escola e do ensino com base na realidade social considerando o desenvolvimento multidimensional do aluno (LIBÂNEO, 1990, p.121).
Sendo que os objectivos gerais no âmbito educacional focalizam a amplitude do apelar da escolar e do ensino, os objectivos específicos estarão incorporados em cada disciplina curricular. E segundo o autor acima referenciado, “os objectivos específicos de ensino determinam exigências e resultados esperados da actividade dos alunos, referentes aos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções cuja aquisição e o desenvolvimento ocorrem no processo de transmissão e assimilação activa dos materiais de estudos” (p.122).
Sendo a avaliação formativa uma prática do dia-a-dia na prática de ensino e por colocar o aluno no centro das atenções, esta modalidade de avaliação tem repercussões em várias dimensões, por exemplo, na psico-social, cognitiva, comportamental, afectivo da vida dos actores do processo pedagógico.
É sobre estas implicações incidentes no aluno que se pretende compreender e reflectir no âmbito do processo de ensino/aprendizagem.

Implicação psico-social
Não é característico a avaliação formativa, quando bem interpretada, trazer implicações negativas do ponto de vista psicológico quanto social. A magnitude deste tipo de avaliação está interessada na maximização da aprendizagem do aluno porque ela não se confunde com a atribuição de notas, muito menos com o carácter excludente.
Mas, também admite-se que o ambiente do processo avaliativo na sala de aula pode tornar-se turvo e baixar os níveis de motivação no seio dos alunos, mormente quando o professor permite ou contribui consciente ou inconscientemente para que haja na sala de aula um clima de competição ou descriminação face ao desempenho dos próprios alunos.
Quando os alunos recebem o devido acompanhamento pelos respectivos professores no âmbito da avaliação formativa percebe-se haver uma perfomace nas suas actividades. Porém, a repercussão social não é visível logo na primeira instância ou nem sempre é visível como tal, tudo porque a sociedade está habituada a considerar o bom aluno aquele que exibe um documento burocrático com notas brilhantes ou adequadas as necessidades exigíveis.
A grande valorização das notas não é apenas uma situação da sociedade, mas da escola. Alias, percebe-se que a questão começa mesmo na escola. E sabe-se que pela tão valorização da nota no seio escolar, muitas vezes cria-se “traumas, medos, e até sintomas físicos, como tremedeira, transpiração excessiva, diarreias, (…)” (PILETTI, 2006, p.169). Bem, do ponto de vista psicológico este cenário causa desequilíbrio aos alunos. E como é defendido por muitos académicos, inclusive o autor ora citado, a importância das notas já que não pode ser abolida mas que fosse reduzida ao mínimo indispensável de maneiras a descartar-se a carga negativa na vida dos alunos social e psicologicamente.

Implicação cognitiva
As actividades avaliativas no cômpito geral concorrem para o desenvolvimento do aluno e assinalando este particular, implicação cognitiva, refira-se que ela é conduzida de acordo aos preceitos permeáveis ao desenvolvimento das capacidades intelectuais, como por exemplo as tarefas didácticas: verificação, qualificação e apreciação qualitativa, como as funções tornando os alunos fortalecidos no seu desempenho intelectual.
Os professores devem estar muitos atentos para proporcionarem aos seus alunos um impacto positivo neste domínio. De acordo Libâneo (1990, p. 200) “ os professores muitas vezes têm dificuldades em avaliar resultados mais importantes do processo de ensino, como a compreensão, a originalidade, a capacidade de resolver problemas, a capacidade de fazer relações entre factos e ideias (…)”. A ser assim, fica de longe desenvolver capacidades intelectuais nos alunos. O professor não pode duvidar das suas competências, nem do que pode proporcionar para o engrandecimento do processo avaliativo.
O impacto cognitivo envolve apossar-se e desenvolver conhecimentos como habilidades intelectuais. E ressalta-se que, as escolas normalmente colocam ênfase ao aspecto cognitivo sobretudo quando se trata de exames de selecção ou classificação (DÌAZ BORDENAVE & PEREIRA, 2008, p. 270).
Denota-se obviamente, o significado a ser destacado na implicação cognitiva no processo avaliativo. E mais uma vez, o professor é instigado a um empenhamento pessoal e a desafiar os alunos na motivação com vista a mobilizarem vontades no desenvolvimento e aquisição de competências e habilidades intelectuais desejáveis.

Implicação comportamental
A implicação comportamental da avaliação formativa no seio dos alunos tem a ver com o facto desta despoletar maior ou menor motivação na aprendizagem nos alunos, mediante ao papel desempenhado fundamentalmente pelo professor. E nesta senda, recupera-se as palavras de Libâneo, segundo as quais, “ por mais que o professor se empenhe na motivação interna dos alunos, nem sempre conseguirá deles o desejo espontâneo para o estudo. Os alunos precisam de estimulação externa, precisam de sentir-se desafiados(…) (1990,p.200). Este desafio não é simplesmente tarefa do professor, como também de outros promotores do processo de ensino/aprendizagem.

Implicação afectiva
A implicação afectiva no processo de avaliação encerra várias dimensões do comportamento dos alunos e professores como no respeito entre colegas, entre alunos e professores e vice-versa, como também no desenvolvimento de um espírito altruísta.
Tendo em conta as considerações de Bordenave e Pereira (2008, p. 270), comummente a implicação ou impacto afectivo proporciona o desenvolvimento e valorização de atitudes, ideias, interesses, valores. Ademais, os objectivos vincados na área afectiva dos alunos desencadeiam nos alunos acções atinentes ao gosto pela leitura, interesse pela pesquisa, interesse na intervenção dos problemas envolventes ou sociais.
Ainda, pelo que se pode aferir do autor acima referenciado “ as diferentes categorias de comportamento em cada área dão ao professor as coordenadas para a afixação dos objectivos de sua acção docente. Ao construir um instrumento de medida dos objectivos fixados, o professor seleccionará estes objectivos com precisão e eficiência.”
A avaliação formativa possibilita ao professor passear a sua competência, habilidade e criatividade na sala de aula no sentido de proporciona-los um ensino de qualidade na formação global e assente num processo de ensino/aprendizagem devidamente planejado com objectivos claramente definidos.

Referência bibliográfica
DÍAZ BORDENAVE, Juan. PEREIRA, Adair. (2008). Estratégias de Ensino-aprendizagem.29ªed. Vozes. Petrópolis, RJ.
LIBÂNEO, José Carlos.(1990). Didática. Cortez. São Paulo.
PILETTI, Nelson. (2006). Psicologia Educacional. 17ªed. Ática. São Paulo.
SÁCRISTÁN, J. Gimeno. GÓMEZ. A.I.Pérez. (1998). Compreender e Transformar o Ensino. 4ªed. Tradução: Ernani F. da Fonseca Rosa. Artimed. Porto Alegre.

Por Fr. Caloia ALFREDO

1ª CONFERÊNCIA NACIOANL DE QUADROS DA JUVENTUDE DA IECA

A Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA) é conhecida em Angola desde o dia 11 de Novembro do ano de 1880 com a chega de missionários americanos que entrando pela praia morena em Benguela puderam chegar as províncias do Bié e Huambo onde começaram a projecção para outros alvos do país.
Bem, este texto não se destaca com o intuito de relatar a história da IECA desde os seus primórdios, embora possa ser interessante, mas o seu surgimento remonta em apreciar a iniciativa, a inovação e até mesmo da visão da Igreja Congregacional em Angola por intermédio da juventude nacional que um século a seguir ao surgimento da Igreja em terras angolanas, portanto, à 8 de Agosto de 1975 organiza-se na perspectiva de congregar jovens dos quatro cantos do país com vista a discutir aspectos de interesse social e espiritual da igreja e do país. Aliás, diga-se que os desafios da juventude hoje são maiores e mais complexos.
Sob o tema “ Amplia o lugar da tua tenda empregando todo seu saber e vontade” a juventude organizou a 1ª Conferencia Nacional de Quadros da Juventude da IECA de 29 de Abril à 2 de Maio do ano em curso na cidade do Lubango.

A conferência que contou com vários atractivos durante os três dias, congregou no primeiro dia das actividades, no auditório da Rádio Huíla jovens das províncias de Luanda, Kuanza-Sul, Benguela, Huambo, Bié, Namibe, Kuando-Kubango e Huíla que puderam interagir com prelectores com várias experiencias profissional, social e religiosa.

Na sexta-feira (primeiro dia das actividades) foram trazidos temas como: PROVAJE (Programa Vida Abundante em Jesus); Sistemas de saúde: que contributo a dar para a sua melhoria?; Segurança alimentar e agricultar sustentável; Sistema de Educação em Angola: Currículo das escolas evangélicas contributos para a sua melhoria; Doutrina da IECA: como estar a ser seguida; Crenças religiosas e o exorcismo: Impacto positivo e negativo na fé cristã.
Como se pode ler, os temas são de interesse actual não apenas para a vida religiosa, como para a vida social. Alias, os cristãos são membros integrantes da sociedade, dali que as questões que apoquentam a sociedade também os apoquentam.
Os temas foram desenvolvidos com maior grau de competência e responsabilidade da parte dos prelectores que a par das suas exposições proporcionaram momentos de acesos debates em torno dos assuntos expostos.
Os jovens cristãos foram despertados a desenvolverem não só o lado espiritual das suas vidas mas também precisam promover o lado social na medida da sua adequação às exigências do mundo hodierno, mas sempre ancorados na rocha que é Cristo.
O sistema de saúde de Angola ainda inspira cuidados, não é o adequado e os cristãos médicos, enfermeiros e não só precisam contribuir com informação à população e com exemplo práticos onde quer que estejam n sentido de prestarem o seu contributo exemplar. A mesma preocupação estendeu-se aos quadros da educação na melhoria e coesão do sistema educativo, no exemplo como formadores, educadores, professores.
A situação alimentar dos angolanos e maneira como pode ser feita agricultura (tradicional, moderna, de precisão) e a necessidade das pessoas praticarem a agricultura na dimensão das oportunidades que dispõem também deve preocupar o jovem cristão.
Já o segundo dia serviu para dar a ver as belezas que o Lubango dispõe. É assim que foram (re) visitados o estádio nacional da Tundaval, o aeroporto internacional da Munkanka, a estátua do Cristo Rei, o miradouro e serra da Leba e por fim o complexo turístico da Nossa Senha do Monte.
Portanto, foi um sábado encantador e de relaxe sobretudo para aqueles que nunca tinham visitado a cidade da Serra da Chela, a cidade da Mumuila, a cidade do Lubango.

No terceiro e último dia, domingo 2 de Maio, foi o encerramento das actividades com o culto de adoração a Deus no Pastorado de Emaús no bairro João de Almeida. Foi um dia com muitos cânticos, oração e súplica a Deus.
O culto de encerramento esteve a cargo do Reverendo Mendes Sambalundo que baseou o seu sermão no livro de Actos 3: 13-15 e 17-19. Recorde-se que este domingo foi o quarto a seguir ao domingo de Páscoa.
De entre outros aspectos privilegiados pelo pregador, este lembrou e apelou aos féis que todos nós somos convidados ao arrependimento e que a vida surge depois da morte.
Ademais, enfatizou que, somos o que somos graças a morte de muitos, e todos os dias temos a necessidade fazer uma reviravolta para tal é preciso mudar de atitude. E porque a vida humana está cheia de imprevistos somos instigados ao arrependimento, a conversão constante.
A conversão é muito difícil porque exige matar os próprios desejos e abraçar os desejos de Deus. A conversão é um processo.
E a fechar, para quem acompanhou o sermão, possivelmente ainda lembra-se da ilustração da corda e do boi. Você se lembra?
E assim, lá se foi a 1ª Conferencia Nacional de Quadros da Juventude da IECA que fica nos anais da igreja e dos que nela participaram. Espera-se que as próximas estejam mais abertas a outras confissões religiosas e elementos da sociedade civil para beberem também da preciosa água juntos connosco.
Que Deus abençoe a nós todos!

Por: Francisco Caloia ALFREDO.